para que as aves não esqueçam o voo... e as árvores não deixem de anunciar a primavera...

Seguidores

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009



é de sal, o caminho traçado no meu rosto...

onde queria sentir o voo dos teus dedos.

não lhes conheço a forma. nem a textura ou perfume da pele...

no entanto, sonho-os...

leves como folhas

a dançar ao ritmo de um vento calmo, em fim de tarde...

outono vestido de ouro e ocre.

sonho-os a romper o véu de medo, em que escondo o sonho longínquo de tocar-lhes...


.

domingo, 22 de fevereiro de 2009




.


duas asas nocturnas ferem o silencio e o algodão arrefecido da almofada...

escorrem pela franja do sonho...

e deitam-se a meu lado.

- janela de um verão esquecido, virginal e por acontecer...

escrevem a memória da inocência derramada

e olham o redondo respirar das pedras em tapete de musgo e sangue...


ao longe,

o acetinado roçar de um véu de prata que dois peixes verdes salpicam de sal e escamas.

ao longe... perco o meu olhar sem regresso...

e desenho um moinho de vento...




.


.





chegam barcos. marinheiros de vidas e sentires paralelos.


vibráteis como cordas instrumentais que cantam e choram como folhas ao passar do vento.


são seiva e sangue do amor...


ninguém os vê... no passo apressado e cego para lado nenhum..


mas eles sabem as vozes do silêncio e da distancia.


conhecem os segredos das marés e o riso das estrelas.


sabem o voo das aves nocturnas e as lágrimas que correm dentro da alma.


conhecem rios subterrâneos e o soluçar das águas que correm no invisível da terra.

e cidades submersas onde os gritos se abafam e se fala a língua dos deuses...

são navegantes de ilhas perdidas e guardam tesouros..que escondem da voracidade dos homens...


.




quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009



criei o espaço. a palavra. o gesto.

mudei o nome. a cidade. a história.

fiquei à tua espera...

olhei-me nua. alisei as rugas. não precisei tapar os cabelos brancos...

desejei ter o espanto do primeiro olhar.

o arrepio do primeiro abraço.

a inquietação do primeiro beijo

a inocência da primeira vez...

para entregar nas mãos que te estendia...


inventei uma colcha de estrelas .

uma noite sem macula e um luar fecundo...

fiz da sede e dos lábios a lava, a estrofe, a oração.

e chamei-te baixinho...


..

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009


há dias sem rosto. sem história. sem porquê nem razão...



dias de sombra. de magoa. dias de aflição...



talvez o sejam, mais ainda, por sabermos possíveis outros dias...



de arrepios. de escamas. de brilhos. madreperolas. búzios...



noites de lantejoulas. sedas e veludos.



de harpejos... choro de violinos. ou gemer de saxofone...



noites que amanhecem, na desordem dos lençóis e corpos por dormir...


horas que deixam em nossa mão ... a curva de um seio. na boca a sal e fogo, a pele do teu beijo...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009


enterro os passos na areia. afasto a bruma... volumosa, densa...


espreito entre as nuvens...


...e escrevo a falar de ausências... enquanto se agiganta, em crescendo... a voz do mar. dentro de mim.


o vento fala-me de enigmas...


de sereias voadoras... de línguas que esqueceram a palavra e o beijo...


asas que perderam as penas e a cor e são hoje pássaros de escamas...


rosas de areia que perfumam as noites do deserto e escondem correntes de água cristalina...


conta-me de fadas com poderes mágicos... que dão voz a árvores ressequidas e abandonadas...


onde há corações que cantam em surdina uma melodia própria


que só alguns ouvidos entendem...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009



depois da sede.da seca... do sangue e da dor. da voracidade das águias...



soltam-se amarras!... e o corpo mutilado olha-se nas águas transparentes...



teimosamente oculta a chama estava lá. frágil e imprecisa.



respirou.ergueu-se.cambaleante e sem força.



sedenta fez-se labareda. lambeu e secou as feridas...






...e viu flores que são lábios. seios que são rios. e pássaros que transportam perfumes raros na



renda recorte das suas asas.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009




"PIANO"







Lugar onde as flores nascem por dentro das palavras. Onde a bondade é um sorriso platinado



e onde o pensamento já nasce poesia...







...fala-me de olhares longínquos... e paraísos perdidos...



...onde ao escrever as pessoas se entregam e desnudam... onde o diálogo silencioso de almas as faz voar para além do espaço real...


(...onde para ler me visto de cambraia. tons de festa. flores no cabelo e pés descalços..)

____________________obrigada.muito. I.M.F.____________________________



Amei-te...

sem ver o reflexo da lua nos teus olhos. de madrugada amendoada e citríca.

sem ver o teu sorriso. a convidar ao mudo espreguiçar contemplativo.

poros abertos como como lábios... a sorver a caricia leve do vento em fim de tarde...


(muda. quieta. desconhecida...)

no canto escuro do sonho a romper e a iluminar as sombras.

inventei flores para recortar os dias.

países distantes onde o toque dos dedos acende estrelas no mármore da pele.

onde o arrepio faz da areia manto das marés...

Amei-te...

sem ver.tocar. ou sentir.

mas quando chegas o canto dos pássaros continua a encher os meus dias

e o vento a ser caricia nas folhas amarelas dum verão esquecido...

domingo, 8 de fevereiro de 2009


sou um ser em desordem...


sem hora certa ou dia exacto


(esqueci relógios e calendários...)


e a quem me fala, do tem de ser...


o conveniente... o caminho mais perto... o caminho certo...


eu já nem oiço... já estou além...


não quero ouvir...

da necessidade do dinheiro...

do valor real das coisas...


de tudo isso, eu nada sei..




pode... espreitar a fome ... uma ameaça ou outro perigo...


mas eu nem ligo...




sei...

se é lua cheia ou quarto minguante


se as estrelas brilham


se o gato mia ou o cão tem fome


e se lá no fundo, entre a ramagem,

há penas e folhas secas que se entrelaçam...

isso eu sabia... porque já vira..

um novo ninho a ser criado...


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009



embrulhada no sono e nos sonhos, que me forçara a deixar... abri a janela.


a luz embaciou-me o olhar, ainda preso na noite...


imóvel, no outro lado da rua, alguém me fixava. dois olhos silenciosos e atentos; seguiam os gestos e movimentos, a que já se habituara...


alongou o olhar, para que lhe notasse a espera e o apetite à espreita...


atravessei a rua, com a refeição pronta. deu alguns passos, serpenteando-me as pernas e espreguiçou-se lânguidamente... seguro da sua sedução.


acariciei-lhe o pelo e afastei-me... na consentida cumplicidade, da sua escolha de liberdade.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009


...e à folha sucedeu a flor. arredondando a forma...amadureceu. em cor e em sabor.

-fez-se fruto!

desafiou a voracidade das bocas e o desfrute guloso dos olhos...

tentou e tentou-se... cumpriu-se. em mosto carmesim...


(ofereceu-se. distraidamente... no altar de hereges deuses... escorreu de lábios profanos... deixou-se queimar em dedos que nada sabem da doçura da pele. nem da suave ternura da carne...nem conhecem o estremecimento comovido do abraço...)


fez-se deusa na perpetuação da carne e do sangue. perdeu-se... (ganhando-se!...)


...mas para voltar a encontrar-se. fez-se asa e anjo!



... 2008

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009




...a sede a descair da boca... a queimar os lábios na febre sem resposta...



tempo de insectos nocturnos, a prolongar a solidão e as noites.



vai vem de passos, a desgastar as horas e a enganar o vazio do sono e dos sonhos.



saudade em gume a trazer a urgência do arrepio outonal...e do calor da proximidade das peles.



a lembrar o silêncio das areias que é musica num simples olhar.



a humidade invisível feita lume debaixo da pele...



a posse lenta que nos fica... e se adormece...

domingo, 1 de fevereiro de 2009

...a emoção dançava no olhar. toldava as letras e as palavras.


trémula.quase a cair a gota de água. um traço a refractar a luz. a abri-la em mil cores.


cambiantes irisados de um sentimento gigantesco... por definir...




uma nota. um som suspenso. melodia inaudível...


a compor-se. a completar-se. a encher o ar e a tomá-lo de assalto...




vórtice a erguer-se da paralisia dos gestos. do arrancar dos ponteiros do tempo...


ímpeto a anular fronteiras... a arrasar muralhas. a engolir escarpas. a subir solto...


a beber nuvens e a pincelar os sonhos...




e... ali... contida. indefesa. a oscilar na lágrima...


(timidamente se continha... e silenciava...) a transparente e invisível... gota de água...






... julho de 2008

há quem ponha sorrisos à janela

e quem seque lágrimas ao luar...

há quem borde uma flor e viva nela...

quem pinte asas e ensine a voar...


eu brinco de ser peixe e onda, sem nadar...

desenho uma gaivota, um barco à vela.

seco as penas com cuidado... e aprendo a navegar...


Chove no país das fadas...

e até as árvores se esqueceram de anunciar a primavera!...


Acerca de mim

A minha foto
procura de um sentido... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. "em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos" --A. Saint-Exupéry--