para que as aves não esqueçam o voo... e as árvores não deixem de anunciar a primavera...

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010


reflexões


em casa de adultos, a criança solitária, vive um mundo de silêncios.
perdida, entre pernas apressadas, ela parece invisível e sem lugar.
apesar dos dias monocórdicos e dos natais pouco coloridos, repetia anualmente o mesmo ritual.
pé ante pé... deixava o pequeno sapato na chaminé.
uma manhã, os olhos abriram-se e brilharam de forma diferente. uma caixa imensa... quase do seu tamanho, estava no seu sapato.
incrédula, esfregou os olhos para certificar-se que estava acordada. os dedos tremiam tanto que não era capaz de desfazer o embrulho.
ajudada, viu com espanto aquela linda boneca! sorria... era de porcelana.
pegou-lhe a medo com seus dedos frágeis. depois, para que se não partisse, colocou-a num lugar seguro.
todos os dias ficava muda e quieta diante do seu tesouro...

a menina fez-se mulher. a pele menos lisa falava dos caminhos percorridos e dos sonhos que deixara secar.
um dia recordou a velha boneca de porcelana. entendeu então:
a ela. tal como a alguns afectos ilimitados e sublimes, tinha erguido um altar intocável de contemplação silenciosa.
***


Chove no país das fadas...

e até as árvores se esqueceram de anunciar a primavera!...


Acerca de mim

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procura de um sentido... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. "em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos" --A. Saint-Exupéry--