para que as aves não esqueçam o voo... e as árvores não deixem de anunciar a primavera...

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terça-feira, 29 de setembro de 2009


naufraga caída de um cometa em chamas
navego no teu olhar de marinheiro.
desventro mares e toco o assombro das sereias.
entranço algas. faço um manto que estendo na areia.
quando o sol desce ao fim da tarde.
solto-me na linha dos teus olhos
nos peixes que desenhas sobre as ondas em mosaicos de escamas prateadas.
em cachos anelados de limo verde onde os meus dedos se perdem
e constroem jardins marinhos e corais voadores.
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terça-feira, 22 de setembro de 2009


presa no olhar da tarde.

prolongo-a.

gotícula suspensa a reflectir o espanto

ou cântico de velas a acariciar o vento.

fio amarelecido ou teia a envolver memórias.

cor amaciada.

outono a derreter-se em sopro e mel.

licor silvestre. repouso de horas de incerteza.

estremecer de pensamento.

olhar secreto. brando entendimento.

silencioso entrelaçar de braços

e voo de asas a nascer no teu sorriso.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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desço os dedos no mapa da cidade
veias que o sangue intumesce e salga
os sinos marcam a hora do recolher das aves
da carícia do vento nas folhas que se entregaram ao sorriso do chão.
hora crepuscular. linha entre o dia e a noite.
banco de sobras e verbos não conjugados.

os gatos começam a procurar a face da lua.
os homens despejados da vida procuram abrigo
onde esconder o abandono e o olhar desenganado.

no sótão, onde a luz se derrama nua e vertical
o dia demora-se um pouco mais.
desfaço a rotina que o destingiu, o engajamento da feira de utilidades.
lambo a tinta da china o barco que se solta das grades da memória.
acordo o rio para que volte a cantar os dias e embale a música das noites.
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terça-feira, 15 de setembro de 2009


deixo nos dedos do vento as minhas lágrimas


_________________________________para que a música se solte entre o aroma das flores







abre-se...




a folha.

nua. branca. macia.


convite a desdobrar-se no lençol.





desafia a palavra...


espera-a.


para lhe beber o traço fino e leve.





promontório de braços inquietos


ou cais sereno a desenhar partidas.


verde movimento. ondulatório e vago


que inscreve em mastros signos e arabescos estranhos





pensamento a baloiçar segredos


trança de conchas e búzios


colares de refazer o tempo.



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domingo, 13 de setembro de 2009


*


"CREIO NOS ANJOS QUE ANDAM PELO MUNDO"















(disfarçados de gente normal...)


um anjo


desprendeu-se de uma nuvem.num dia como este.


sinto o seu perfume quando nada vejo.


é o meu abraço quando nada sinto.







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sábado, 5 de setembro de 2009



esboço para uma história de amor...

hoje encontrei-te
estavas escondido na almofada onde sempre durmo
deixei-te lá. num gesto descuidado de descrença.
denunciou-te
o perfume com que envolves os dias
e o sabor que me nasce na boca antes de ser beijo.

alisavas as vestes
compunhas o manto com que me agasalhas as noites.

passeamos de mãos dadas.
vimos
quando a lua se despenteou das nuvens.
ficou nua
emoldurou os dias onde podemos escrever um novo livro branco.




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terça-feira, 1 de setembro de 2009



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tempo cego



com navalhas a cortarem os pulsos e as almas












voo entre nuvens

e semeio flores



para sentir a música dos teus passos



no caminho de regresso





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Chove no país das fadas...

e até as árvores se esqueceram de anunciar a primavera!...


Acerca de mim

A minha foto
procura de um sentido... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. "em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos" --A. Saint-Exupéry--