as ruas vestiam o branco do silêncio e da ausência
o inverno despira as árvores, esvaziara os ninhos e adormecera a sede urgente de amor.
o frio pedia o crepitar das chamas na lareira.o aconchego do café a fumegar na chávena
a palavra sossegando a fome de carinho
mas
desafiando e contrariando tudo
a emoção derreteu o gelo
rachou a capa de cristal que paralisava a cor e o perfume
deixando a nu uma pétala de veludo que ninguém percebeu
a frescura dos prados vestiu a cama de cetime sob um tecto de missanga que prendia ao peito
os dedos fizeram-se flor.
na rua deserta
os passos continuaram a seguir apressados
os olhos vazios
a vida a arrastar-se numa cega e falsa imitação
e no lento esgotar dos dias
ninguém deu por nada.
ninguém viu aquele aflorar repentino e fugaz de primavera.
**
20 comentários:
...ninguém viu... até à chegada duma nova estação.
Há uma ampulheta esquecida mas implacável!
Quase ninguém repara nela...
Abraço!
Só agora reparei que afinal existe uma continuidade dos sentidos...
Preciso mesmo de descansar!
um beijo amiga.
Gosto muito do que escreves.
Obrigada pela visita.
Beijinho
Escreves sempre coisas tão bonitas......de amor......
Gosto.
Beijo e uma boa semana
De tão belas e fortes as suas palavras fizeram-me sentir o frio da rua, o calor da lareira e o chegar das prímulas, as primeiras flores da primavera, quando os dias começam a crescer e o Sol afagar-nos de mansinho.
Um beijinho,
Maria Emília
Um pouco a marca de quem és e do que sentes,isto na prespectiva de um véu que destapa o que há a revelar ou que se quer revelar.
E em paragem rápida do ómnibus da vida, entra no abrir de portas o perfume das flores que a primavera em função renovadora nos tráz.
Gostei de ler esta página do teu livro. Beijos
CURIOSO VI IMAGENS NATALÍCIAS...OUVI DEZEMBRO DESPEDIR-SE E HONESTAMENTE NÃO NOTEI A PRESENÇA DA PRIMAVERA...
SOU TÃO DISTRAÍDA...
PERDOA POR SER TÃO IGUAL A TANTA GENTE QUE PASSA, SEM DAR POR ELA, A PRIMAVERA.
BEIJINHO SEMPRE MUITO AMIGO
A simplicidade subtil das palavras irradia...
bjs
Chris
Raramenete há quem veja as primaveras moleculares, minúsculas, que todos os dias acontecem dentro dos corpos que vestem o mundo....
E logo de seguida, chega o outono...
Um beijo
Nas ruas desertas ecoam sempre passos fantasmas de primaveras que só nós sentimos florir. Passos que se perdem, por vezes, entre os outros, apressados e cegos.
Resta-nos o odor das pétalas de veludo que nos incendeiam a cama das noites insones.
Um beijo grande
Ana
É maravilhoso, passar por o teu espaço...ler-te, ver as tuas fotos lindas..bebendo tudo!
Jinhos mil
A sede urgente do amor. Não importa quem viu. Importa quem sentiu...
Um abraço.
...gostei
Pois, amiga!
"no lento esgotar dos dias
ninguém deu (dá) por nada."
Cumprimentos meus
O frio em tempos de calor é paraiso...
deserto local de ecos de outras estações
.
.
.
bjo doce
Lindo, lindo, lindo!!!
Beijinhos,
Ana Martins
tão pouco e muito
como se a vida fosse
( apenas )
uma página em branco
.
um beijo
o aflorar da primavera a sede urgente do amor...
Gosto muito.
José
excelente.
se tivesse que escolher qual o melhor, sinceramente nao conseguia.
meus parabéns.
bom domingo!
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