O Sitio Onde Nasci
tinha sempre um voo de asas nos telhados.
diante de cada olhar, voavam gaivotas e pombos
abriam-se mãos sorridentes, ao amarelo do milho, oferecido carinhosamente.
e pequenos pés corriam, no sonho de apanhar a liberdade...
todos os dias, um som de acordeão, embalava o sossego das tardes. deixava nos ouvidos o choro de histórias tristes, amores perdidos ou desencontrados.
martelavam a compasso tacões apressados!
os policias, pontuavam as esquinas e farejavam atentos, os gestos e as palavras,
prontos a calar o que se erguesse além do conveniente.
volta e meia, havia bêbedos que faziam discursos sentidos, aos que passavam.
mímica desequilibrada que fazia o alvoroço da criançada, sempre atenta aos gestos dos adultos, na ânsia de encontrar alguma coisa que aproximasse os dois mundos.
à noite, aqui e além, surgiam mulheres de cores garridas e passo vagaroso de espera.
no sitio onde eu nasci, havia cravos e sardinheiras nas janelas e as andorinhas chegavam, pontualmente, todas as primaveras
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