para que as aves não esqueçam o voo... e as árvores não deixem de anunciar a primavera...

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domingo, 30 de agosto de 2009


entre o céu e o deserto. estreita margem...


caminho.

onde os frutos se suspendem.recorte redondo a desenhar o apetite.

a dilatar as narinas. sorvendo o cheiro

e a seiva de terra.



verão ambíguo.

com uma lua cor de laranja

um sonho pintado de vermelho.

um riso no cantar dos pássaros.



...e os teus passos

a voar num corpo cor de milho...
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domingo, 23 de agosto de 2009



as ruas vestiam o branco do silêncio e da ausência
o inverno despira as árvores, esvaziara os ninhos e adormecera a sede urgente de amor.
o frio pedia o crepitar das chamas na lareira.o aconchego do café a fumegar na chávena
a palavra sossegando a fome de carinho
mas
desafiando e contrariando tudo
a emoção derreteu o gelo
rachou a capa de cristal que paralisava a cor e o perfume
deixando a nu uma pétala de veludo que ninguém percebeu
a frescura dos prados vestiu a cama de cetim
e sob um tecto de missanga que prendia ao peito
os dedos fizeram-se flor.

na rua deserta
os passos continuaram a seguir apressados
os olhos vazios
a vida a arrastar-se numa cega e falsa imitação
e no lento esgotar dos dias
ninguém deu por nada.
ninguém viu aquele aflorar repentino e fugaz de primavera.
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009

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"NUM MUNDO QUE SE FAZ DESERTO,




TEMOS SEDE DE ENCONTRAR UM AMIGO"





-Antoine de Saint-Exupéry-










AMIGA

TU,

que soubeste guardar-me

durante 30 anos de silêncio

TU,

que soubeste encontrar um caminho de regresso...

OBRIGADA

por não teres esquecido os momentos de ternura e de partilha





P A R A B É N S ! !

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

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quem acordou o silêncio e lhe deu voz?

e mãos

que se fizeram ânfora, seiva e lume.


quem fez do vento dedos.

dos dedos cordas soltas.

riso.rima. melodia.prece.canto.

quem do sargaço fez crescer uma floresta

e abriu o ventre

em rio de águas quentes e vermelhas

e na voragem do leito

fez do lençol amarrotado

a pagina em chamas onde se escreveu poema?
*
*
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sábado, 8 de agosto de 2009

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entre a desarrumação das cinzas a palavra surge

como um rio de águas virgens a aplacar as dores

e a espalhar despenteadas sementes de um girassol caído de um lendário país alado


nem sempre a palavra faz a viagem do papel

às vezes, tropeça, engasga

ou fica no peito como pedra de ângulos afiados que faz sangrar mas não se solta.

é aquele nó que enrola a língua e a alma como peso aflitivamente morto.


para que a palavra seja um respirar incontido

estendo os dedos

e fico a sentir a vibração das aves e do vento
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sábado, 1 de agosto de 2009

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sou grata.
às nascentes que alimentam a vida e o sonho.
sou-o também
aos que sabem matar a sede. sem macular a água ou desviar o seu caminho.

sou grata.
aos que sabem escrever nos muros. sem mancharem a brancura da sua tinta.


mas recuso.
os profanadores que interrompem a música com sons grotescos e gestos desvairados.

abomino.
os que tentam quebrar os dedos dos artífices dos templos e cidades.


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Chove no país das fadas...

e até as árvores se esqueceram de anunciar a primavera!...


Acerca de mim

A minha foto
procura de um sentido... .-.-.-.-.-.-.-.-.-.-. "em cada um de nós há um segredo, uma paisagem interior com planícies invioláveis, vales de silêncio e paraísos secretos" --A. Saint-Exupéry--